Sunday, December 10, 2006

ASPECTOS HISTÓRICOS

As inscrições rupestres na Linhares, Parambos, Ribalonga e outras, popularmente denominadas fragas das ferraduras, são provas de que o homem escolheu este concelho para habitar desde os tempos mais remotos.

As pinturas da anta de Zedes e as importantíssimas e únicas no nosso país que estão localizadas no Cachão da Rapa, em Ribalonga, certificam a antiguidade e riqueza do património pré-histórico de Carrazeda de Ansiães.
As antas de Zedes e do Vilarinho da Castanheira são dois conjuntos megalíticos de grande beleza e testemunham a fixação humana há mais de 5 000 anos.
As casas brasonadas de Selores, Linhares, Vilarinho e Ribalonga afirmam famílias nobres que influenciaram decisivamente a principal actividade económica, a agricultura, ligada aos cereais, à castanha, ao cultivo da vinha e do azeite e mais tarde da batata.
As moedas e os objectos cerâmicos encontrados, os caminhos, algumas pontes e fontes são prova da fixação dos romanos. Os árabes influenciaram a cultura local, Alganhafres é um nome tipicamente árabe, trouxeram plantas como a figueira e engenhos agrícolas como a nora que perduram a necessitar de uma ou outra intervenção para preservação do património industrial histórico.
Segundo a grande maioria dos historiadores, esta zona foi reconquistada aos mouros por D. Afonso III, rei de Leão, nos finais do século IX e a localidade que evolui em importância estratégica é a vila de Ansiães. O seu castelo foi de grande utilidade pela sua posição de defesa do vale do Douro e todo o planalto carrazedense.

Ansiães é hoje uma vila extinta, nas detém um passado ilustre. Na aurora da nacionalidade, a grande importância de Ansiães pela sua localização estratégica é confirmada pela outorga de um foral por Fernando Magno (1055/1065), rei de Leão, ainda antes da formação de Portugal. Este foi um dos primeiros a ser concedido ao actual território português. Posteriormente D. Afonso Henriques (1160), D. Sancho I (1198) e D. Afonso II (1219) confirmarão este de modo a reconhecer a importância da vila. Mais tarde D. Manuel (1510) conceder-lhe-ia novo foral, após as inquirições manuelinas e fruto da revisão dos documentos efectuada pelo monarca.
A criação da feira no reinado de D. Afonso III, a 2.ª mais antiga do distrito, depois de Bragança, foi uma forma de como diz João Ribeiro da Silva em "“Ansiães e os seus forais" “de incrementar as transacções comerciais na vila, obrigando as pessoas a ficarem ou deslocarem-se de forma mais frequentes à vila”.

A importância do Castelo de Ansiães na defesa da região e nomeadamente da linha do Rio Douro foi contínua desde a Formação de Portugal até ao século XVII. A antiga vila foi berço do 8º vice-rei da Índia – D. Lopo Vaz de Sampaio, referido em “os Lusíadas” de Luís Vaz de Camões. “…Sampaio será, no esforço, ilustre e assinalado”
Aos poucos, a Vila de Ansiães deixa de ter esse enorme valor defensivo e municipal, e entra em estagnação e até certa decadência. Uma das grandes machadadas foi dada nos finais do século XVI, que coincidiu também com a perda da nacionalidade. Os nobres e homens bons ausentam-se, acompanhando D. Sebastião na aventura desastrosa de Alcácer-Quibir em África, desaparecendo também a acção das leis e da Justiça. Muitos morreram, entre os quais, o capitão-mor Pedro Rodrigues de Magalhães que foi ordenança daquela vila.
No segundo quartel do século XVIII era Juiz de Fora do concelho, Francisco Justiniano Ferraz Araújo e Costa, representava o rei e consegue a mudança da Vila de Ansiães para Carrazeda em 1734. As razões apenas se podem especular e atribuem-se à drástica diminuição da população, à falta de água e ao posicionamento geográfico.

Esta decisão não se fez sem oposição, pelo que, para desvanecer e mesmo acabar com os privilégios dos da vila antiga, manda derrubar e despedaçar o Pelourinho de Ansiães, símbolo da autonomia judicial. Hoje apenas restam vestígios do monumento no interior da Igreja de S. Salvador.
A velha Ansiães começa a entrar em declínio rápido e, em princípios do século XIX estava praticamente abandonada, apenas habitavam pessoas no lugar do Toural, extra-muralhas. Ficou o Castelo, muralhas e outros monumentos ao tempo, para recordar aos vindouros a heróica época da sua existência.
Simultaneamente Carrazeda passa a ser sede do concelho e o seu desenvolvimento ganha outro impulso a partir do antigo núcleo que fica junto da Igreja Matriz que data de 1790. Curiosamente até ao 25 de Abril de 1974 não é a localidade com mais habitantes no concelho, sendo suplantada por outras aldeias do concelho, como Vilarinho da Castanheira, Linhares e Castanheiro do Norte.

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