TOPONÍMIA
TOPONÍMIA
Os vocábulos “Ansiães” e “Anciães” são os dois aceites como graficamente correctos. Vejamos as razões:
Segundo o padre João Pinto de Morais em “Memórias de Ansiães” o nome virá de vila muito antiga (Anciaens ou Anciam) pois no seu pelourinho mandado destruir há “um velho venerando com os braços meios levantados...” Assim Anciães, de ancião, pelo velho do pelourinho e por ser um lugar muito antigo.
Ao analisar-se o foral de Ansiães, o nome proveria de Ansilio Anes, que teria sido o primeiro morador e proprietário e à semelhança de outros locais daria o nome à localidade. Assim, “Ansilanis” e depois “Ansiães” derivado do fundador da vila.
Actualmente, Ansiães é o vocábulo mais utilizado.
Alganhafres | O “al” artigo árabe inicia muitos vocábulos desta origem, também principia o nome de muitas terras portuguesas. O historiador António Borges Coelho refere que o concelho teve uma forte relação com os muçulmanos. |
Amedo | Vem de «ameiredo, o mesmo que amial e amieiral», terreno plantado de amieiros. É uma plnta que cresce à beira dos cursos de água ou nos locais húmidos. |
Ansiães ou Anciães | De ancião, velho ou de “Ansilio Anes” que seria o seu primeiro morador. Ver acima. |
Areias | De areia ou terra arenosa |
Arnal | De arenola (latim), diminutivo de arena, a areia; equivalente de areal. |
Beira Grande | Uma beira grande, isto é um terreno estreito e grande. |
Belver | Diz o povo que este nome provém da bela situação (Bel-o-ver) em que se encontra esta povoação, com largas e lindas vistas. |
Besteiros | Besteiros era o nome dado aos soldados que pelejavam com besta, arma destinada a lançar setas. |
Brunheda | Terra abundante |
Campelos | De campo ou de “campilo”, um elemento de composição que significa curvo, encurvado como a própria localização da aldeia. |
Carrapatosa | Do zoológico carrapato ou do botânico carrapateiro (planta) e carrapato, variedade de feijão, deve ter derivado o nome desta povoação. Na opinião do Abade, o toponímico Carrapato e derivados abunda no distrito de Bragança e dele tomaram o nome muitas povoações portuguesas. Só no nosso distrito há: Carrapata, Carrapatas, Carrapatinha e Carrapatosa. |
Carrazeda | O Abade de Baçal refere que vem de carrasco (quercus ilex), carrascosa, carrasquedo, sufixos edo e osa, para indicar abundância, ou seja terra onde os carrascos abundam ou abundaram. Por outro lado, Edite Estrela defende que o vocábulo Carrazeda derivaria de “cara azeda”, referindo-se à rudeza dos autóctones “por causa do rigor do clima, das dificuldades em vencer a terra inóspita.” A linguista sustenta ainda que até 1853 existia apenas um “r” na grafia. |
Castanheiro do Norte | Os nomes retirados da flora local, tanto expressam a abundância como a sua raridade. Castanheiro parece ser o último caso, pois nesta terra não abundam as castanhas que foram um produto importante na agricultura de sobrevivência em Trás-os-Montes. |
Codeçais | Vem de codesco, codesso, planta arbustiva. |
Coleja | Talvez do latim “coligere” colher juntamente, recolher, reunir… |
Felgueira | Do latim “filicaria” que quer dizer feto. |
Fiolhal | Derivará de fiolho, “foeniculum vulgare”, erva aromática, muito abundante no local. |
Fontelonga | Provavelmente tomou o nome de alguma fonte. A freguesia é muito rica em água. |
Foz-Tua | Aí desagua o rio Tua que é afluente do Douro. |
Lavandeira | Tomaria o nome da ave denominada de alvéolas, boieiras, rabetas, lavandeiras e lavandiscas. Algo se aproxima deste nome a alfazema, em botânica conhecida pelo nome de lavândula, que, por analogia com lavadeira, quiçá desse lavandeira. |
Linhares | De linho. A indústria de linhares era a indústria do linho. Esta cultura foi muito importante no concelho, assim como a da seda. |
Luzelos | Lozelos será uma mata ou aglomerado de pequenas nogueiras. |
Marzagão | De Março, junção de Março com o sufixo gão. |
Misquel | Outrora uma das quintas do termo da vila de Ansiães. Derivará de “mescla”, mistura do vale com o planalto carrazedense. |
Mogo | Do latim “monachus” que significa monge ou do português antigo mogo ou marco que serviria para limitar um terreno. Os Mogos limitavam os concelhos de Carrazeda, Freixiel e de Vila Flor. Também pode vir de Mogo, nome próprio de homem. |
Mogo de Malta | Segundo a tradição popular passaram por esta zona os Cavaleiros da Ordem de Malta onde se instalaram durante muitos anos |
Paradela | Segundo o Abade de Baçal, dava-se o nome de Parada, Jantar, Comedoria, Comedura, Colecta, Colheita, Vida e Visitação (quando se tratava de bispos ou outras autoridades eclesiásticas) ao foro que o povo pagava aos senhores da terra, quando nela apareciam, e consistia em lhe terem pronta certa quantidade de mantimentos ou dinheiro para “mantença” e aposentadoria deles e da comitiva. Do exposto, resulta que Parada indica terra que pagou o foro atrás mencionado, e, da mesma forma, Paradinha e Paradela as que pagavam menor quantidade, meia Parada, por exemplo. |
Parambos | Virá de “páramo”, que significa campo deserto, raso e inculto ou “paramo”, que significa «lugar, povo, quinta, casal ou herdade, que lograva os privilégios de Honra, por nele se haver criado ao peito de alguma mulher casada o filho legítimo de um Rico-homem ou Fidalgo honrado» |
Penafria | “Pena” tanto pode significar castelo como um simples sítio. No nosso entender etimologicamente significará simplesmente um sítio frio. |
Pereiros | De pereiro, árvore de fruto. |
Pinhal do Douro | De pinho (pinus pinaster). Junto do rio Douro. |
Pinhal do Norte | De pinho (pinus pinaster), na direcção do norte do concelho. |
Pombal | De pomba ou pombal. A exposição da aldeia, bela, airosa e virada a nascente pode sugerir também este nome. |
Ribalonga | Ribalonga é constituída por duas palavras riba acrescida de longa, significando uma encosta íngreme e em declive que se estende longamente. Se atentarmos à origem latina “ripa” com o significado de margem, será uma margem do Douro que se estende longamente pela colina. |
S. Lourenço | Do santo com o mesmo nome. |
S. Pedro | S. Pedro foi o apóstolo escolhido para chefiar a Igreja. É um dos santos populares. |
Samorinha | Çamorinha na Corografia do Padre Carvalho da Costa. «Vem do baixo latim Samorinus, Samorina, o mesmo que Samuranus, Samorana, filho ou oriundo de Samora ou Zamora» |
Sentrilha | Na opinião do Abade, virá do nome próprio de mulher, que aparece com estas variações: Sontrili, mulher vendedora (261); Sontrilli, mulher |
Seixo | De seixo, pedras roladas do rio. É tradição que perto do local havia minas de ouro e prata do tempo dos romanos. |
Selores | Sellores por Celores ou Cellores pode vir do baixo latim celarioius, pequeno celeiro, no latim cellarium, celeiro. |
Sra. Da Ribeira | Chama-se comummente ribeira a todo o vale do Douro. |
Tralhariz | De Talhariz, e este por Calhariz e este por calhandriz, sítio em que abundam calhandras, aves» |
Vilarinho da Castanheira | Vilarinho é um substantivo derivado de vilar acrescentado do sufixo inho. Vilar do latim “vilare”, “relativo à casa de campo”, segundo o dicionário da Academia das Ciências[1] é semelhante a um lugarejo. Será pois um povoado pequeno, uma aldeola. Também no Grande Dicionário da Língua Portuguesa de José Pedro Machado[2] se encontra a definição de fracção de vila no sentido territorial antigo. Pensamos que o vocábulo se refere à génese desta localidade. Na parte mais alta do povoado, possui vestígios de um muro de cantaria lavrada, a que chamam o castelo com duas portas, uma para norte e outra para sul e que se encontra bastante arruinado, com vestígios de construção no seu interior. |
Zedes | Gedes na Corografia do Padre Carvalho da Costa. Zeide, Zaida, Zeida, é nome árabe de mulher e significa aumentadora. Vem do verbo Zada, aumentar, acrescentar. |